Considerações finais:
O objetivo dos textos foi chamar a atenção para a necessidade da transformação do espaço escolar. Para que a violência não continue a ocupar um espaço que não lhe pertence. E que o professor encontre nesse espaço, o ambiente propício para o exercício e a prática da criatividade. Para que o aluno reformule seu conceito sobre a escola e acrescente ao momento agradável da sociabilidade que ela já oferece, o desejo e o amor pelo conhecimento e pela pesquisa.
Alguns passos para a redescoberta e/ou redefinição do espaço escolar.
01-Devemos abandonar a ideia de que a escola é a única responsável pela aprendizagem relevante à sociedade e ao indivíduo. Tornando as outras instituições, que também possuem uma parcela de responsabilidade na formação integral do cidadão, tais como, igrejas, família, trabalho, sociedade, mais consciente de sua missão. Com esse modo de pensar, os professores tirarão dos ombros a sobrecarga de uma responsabilidade que lhe foi passada durante anos, deixando-os mais livres para criar e criar o melhor modo de partilhar e construir, junto com seus discípulos, o conhecimento.
02- Um espaço educacional redescoberto e/ou redefinido deve possibilitar o desenvolvimento integral dos cidadãos que pretendem dar continuidade aos estudos cursando o Ensino Superior e daqueles que não pretendem cursar o ensino superior, optando por outros modos de aprender, fora do contexto educacional, escolar. Conscientes do que foi afirmado acima, de que a escola não é a única detentora dessa responsabilidade.
03- As semanas culturais e esportivas devem acontecer com mais frequência no contexto escolar, juntamente com outros encontros de formação humana, na medida em que utilizam de diferentes formas para educar o Ser como um todo: caráter, temperamento, sociabilidade, e demais comportamentos de modo geral. Pois nas atividades lúdicas o educando se mostra mais, possibilitando uma análise mais profunda de sua pessoa por parte de seus responsáveis dentro da comunidade escolar. Que irá além da capacidade de aprender e raciocinar.
04- O Planejamento Pedagógico do professor deve conter atividades que possam ser trabalhadas nas semanas culturais e esportivas. Ou melhor, ele deve e pode aproveitar desses momentos para tornar seus temas mais concretos e atraentes, mais significativos para o seu corpo discente. Além de possibilitar dentro de sua competência atividades de contra turno quando devidamente remunerado para isso.
05- O aluno não pode mais ser reduzido a dimensão racional. Pois a composição de seu ser vai muito além. Estamos diante de um ser racional, mas também, emotivo, corpóreo, espiritual, social, capaz de fazer, criar e transformar, axiológico, histórico etc. Mas para isso é necessário que também o professor se considere e se enxergue dessa forma. O que lhe dá mais força para o exercício do magistério.
06- Uma sociedade preocupada somente com o aqui e agora, preocupada somente com o lucro, dificilmente deixará espaço para que todas as necessidades, provenientes das dimensões humanas e responsáveis por tornar o homem feliz e realizado sejam satisfeitas. Principalmente as necessidades provenientes da dimensão espiritual. Pois ela questiona o aqui e o agora, apresentando outra realidade que vai muito além do lucro a qualquer custo. Mas o novo espaço escolar deve tomar consciência disso e trabalhar no educando também a dimensão espiritual durante todo o processo e não apenas dois anos (6º e 7º – mas também 1º,2º e 3º ano do EM), responsável pela sua realização plena, junto com as outras dimensões.
07- Os Conselhos de Classe devem ser realizados com uma participação maior da comunidade escolar. Com ele, pode-se formar não só o aluno, mas também a família. Lembre-se de que, a responsabilidade de ensinar, e, a do aluno, de aprender, não se encontra só no espaço escolar. De modo que é bom comungar com a família as dificuldades, os erros e acertos do processo como um todo. Além de conversar sobre o progresso integral do aluno, a saber, sua capacidade de aprendizagem, de raciocínio deve-se ater também à sua capacidade de convivência e tudo o que isso implica. Sem medo de avaliar comportamentos
08- A avaliação do progresso do aluno deve ser relacionada a todas as suas dimensões e não reduzir-se a sua capacidade de aprender e raciocinar. Atualmente, frequentemente, no final do ano, o aluno bom e educado pensa: “Já consegui a nota, não tenho mais nenhum compromisso com a escola”. O mau aluno reflete: “Tô ferrado! Não consegui durante o ano, não é no final que conseguirei”. E, ambos, infernizam os últimos meses de aula. Mas se forem avaliados também no comportamento, o bom aluno refletira: “Já tenho parte da nota, continuarei a esforçar-me para que a nota de comportamento feche meu dez desejado” enquanto que o mau aluno pensará: “já que não aprendi tanto sobre determinada área do conhecimento, resta-me caprichar no comportamento para que eu consiga, de repente, o mínimo necessário para prosseguir e passar de ano. E nesse caso, a média ponderada pode auxiliar mais que a aritmética. Atenção, trata-se de suposições! A serem comprovadas em um novo espaço escolar.
09- O Projeto Político Pedagógico da escola deve ser, com urgência repensado. A redefinição e/ou a redescoberta do espaço escolar deve acontecer antes de tudo no PPP da escola. Pois ele é que apresenta as diretrizes para um novo olhar sobre o papel da escola, do aluno e de toda comunidade escolar. È ele que trará as bases possíveis legais e necessárias para essa nova compreensão da realidade educacional em nosso país. Depois das Leis Educacionais, apesar de todas as críticas que a elas fazemos, o PPP da escola é a Lei.
10- No entanto, as leis são necessárias! Mas, mais necessário ainda é uma postura crítica diante delas. Pois do modo como as coisas caminham rapidamente, se transformam, é necessário também que elas sejam constantemente revistas para que não caduquem, caducando toda uma instituição ou processo. Temos a impressão que muitas leis e diretrizes da educação já caducaram e, por permanecerem sem ser questionadas, caducam todo um processo, impedindo seu saudável desenvolvimento.
Prof. Msc. Paulo Sérgio de Faria: Bacharel e Licenciado em Filosofia; Bacharel em Teologia e Mariologia; Especialista em Comunicação Social e Informática na Educação; Mestre em Filosofia. Professor de História e Filosofia com experiência no Ensino Fundamental, Médio e Superior.
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