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Archive for Junho, 2017

1- Não se muda a Educação de um país, focando na atualização dos recursos tecnológicos. Mas focando na compreensão que se deve ter do educando como um ser portador de diversas dimensões e não apenas da capacidade de aprender e raciocinar.

2- O professor que se atualiza no uso dos recursos, nem sempre se atualiza na visão que tem sobre o estudante.

3- É mais fácil se utilizar de recursos tecnológicos e, as vezes, se esconder por traz deles, do que utilizar-se de recursos humanos para uma melhor compreensão do outro.

4- Se as minhas aulas não tem espaço para uma formação humana, meus exemplos certamente encontram um. E meus discentes o veem!

5- A administração de uma escola vai muito além de reformas  do espaço físico. Ela requer a administração de talentos, e a lapidação de pedras preciosas, acima de tudo.

6- Enquanto os estudantes tiverem saudades da escola apenas depois de terminar o EM, é porque aquilo que ali se vivenciou, pouco marcou. Pois a saudade verdadeira não ocupa o coração no final de tudo, mas nos pequenos espaços de ausência que se tem durante as vivências. Saudades da escola o estudante deveria sentir todos os dias.

7- A tecnologia nunca substituirá o professor. Mas se algum docente acreditar que sim, é porque ele deixou de ser professor há muito tempo! E, pior ainda, não percebeu!

8- Enquanto a escola não muda, o aluno se muda. E o dia em que a escola mudar, para melhor, o aluno se mudará, para a escola, e, dela, não sairá mais!

9- Somente os que tem coragem de mudar, conseguem se mudar! O professor que não mudou sua vida depois que abraçou o magistério, não foi professor nem de si mesmo.

10- Só mudarei o comportamento de meu aluno quando mudar o meu comportamento em relação a ele! Ou seja: eu só o mudo se eu me mudo em relação a ele. Pois ao mudar-me, ele perceberá que também pode fazê-lo e, sempre, para melhor.

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Ó precioso e admirável banquete, fonte de salvação, repleto de toda suavidade! Que poderá ser mais precioso do que este banquete? nele, não as carnes de novilhos e de cabritos, como na antiga lei, mas Cristo, verdadeiro Deus, se nos dá em alimento. Que outro sacramento mais admirável que este? E nenhum outro sacramento é mais salvífico; nele se destroem os pecados, aumentam as virtudes, a mente é cumulada pela abundância de todos os carismas espirituais (Das obras de santo Tomás de Aquino, presbítero; Opusculum 57, in festo Corporis Christi, lect. 1.4).

Santo Tomas de Aquino nos faz entender a importância do Sacramento da Eucaristia. Mas é bom lembrar também que ao oferecer-se pela salvação de todos em forma de pão, de alimento, Jesus Cristo oferece condições para que seus discípulos e seguidores deem prosseguimento a sua missão. A Eucaristia fortalece a vida do cristão e possibilita que ele coloque em prática tudo o que Jesus nos ensinou.

O Sacramento da Eucaristia, juntamente com a Unção dos Enfermos e a Penitência, são sinais da presença de Deus na vida do cristão durante toda sua caminhada, podendo ser renovado sempre que o cristão desejar. São sacramentos que não se recebem apenas uma vez na vida, mas podem ser apreciados quantas vezes forem necessários. Ou seja, tais sacramentos , são graças de Deus apresentadas abundantemente a todos  que neles acreditam sem distinção, todos os dias.

Como diz santo Tomas de Aquino ” E nenhum outro sacramento é mais salvífico; nele se destroem os pecados, aumentam as virtudes, a mente é cumulada pela abundância de todos os carismas espirituais“( Das obras de Santo Tomas de Aquino, presbítero; Opusculum 57, in festo Corporis Christi, lect. 1-4).

Pois bem, dentre os carismas espirituais, encontramos o Sacramento da Ordem. Que concretiza o pedido de Jesus na celebração da Eucaristia. “Fazei isso em memória de mim” pediu Jesus. E pela força do Espirito Santo, através das mãos do sacerdote, da-se a transubstanciação, ou seja, a transformação  das ofertas do pão e do vinho  em corpo e sangue de Jesus Cristo.

Portanto, quando Jesus, seguindo os planos do Pai, envia o Espírito Santo sobre os apóstolos reunidos no Cenáculo, dá as condições necessárias para que a missão de Jesus prossiga. Os discípulos, alimentados pela Eucaristia, a saber, o Corpo e o sangue de Jesus, e movidos pelo mesmo Espírito, continuam a salvação iniciada pelo Mestre. De modo que festejar Corpus Christi  a luz de Pentecostes, é reconhecer a força do Espírito Santo de Deus em nossa vida e na vida de toda Igreja. É  reconhecer que a Trindade  continua se fazendo presente na história da humanidade.

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Considerações finais:

O objetivo dos textos foi chamar a atenção para a necessidade da transformação do espaço escolar. Para que a violência não continue a ocupar um espaço que não lhe pertence.  E que o professor encontre nesse espaço, o ambiente propício para o exercício e a prática da criatividade. Para que o aluno reformule seu conceito sobre a escola e acrescente ao momento agradável da sociabilidade que ela já oferece, o desejo e o amor pelo conhecimento e pela pesquisa.

Alguns passos para a redescoberta e/ou redefinição do espaço escolar.

01-Devemos abandonar a ideia de que a escola é a única responsável pela aprendizagem relevante à sociedade e ao indivíduo. Tornando as outras instituições, que também possuem uma parcela de responsabilidade na formação integral do cidadão, tais como, igrejas, família, trabalho, sociedade, mais consciente de sua missão. Com esse modo de pensar, os professores tirarão dos ombros a sobrecarga de uma responsabilidade que lhe foi passada durante anos, deixando-os mais livres para criar e criar o melhor modo de partilhar e construir, junto com seus discípulos, o conhecimento.

02- Um espaço educacional redescoberto e/ou redefinido deve possibilitar o desenvolvimento integral dos cidadãos que pretendem dar continuidade aos estudos cursando o Ensino Superior e daqueles que não pretendem cursar o ensino superior, optando por outros modos de aprender, fora do contexto educacional, escolar. Conscientes do que foi afirmado acima, de que a escola não é a única detentora dessa responsabilidade.

03- As semanas culturais e esportivas devem acontecer com mais frequência no contexto escolar, juntamente com outros encontros de formação humana, na medida em que utilizam de diferentes formas para educar o Ser como um todo: caráter, temperamento, sociabilidade, e demais comportamentos de modo geral. Pois nas atividades lúdicas o educando se mostra mais, possibilitando uma análise mais profunda de sua pessoa por parte de seus responsáveis dentro da comunidade escolar. Que irá além da capacidade de aprender e raciocinar.

04- O Planejamento Pedagógico do professor deve conter atividades que possam ser trabalhadas nas semanas culturais e esportivas. Ou melhor, ele deve e pode aproveitar desses momentos para tornar seus temas mais concretos e atraentes, mais significativos para o seu corpo discente. Além de possibilitar dentro de sua competência atividades de contra turno quando devidamente remunerado para isso.

05- O aluno não pode mais ser reduzido a dimensão racional. Pois a composição de seu ser vai muito além. Estamos diante de um ser racional, mas também, emotivo, corpóreo, espiritual, social, capaz de fazer, criar e transformar, axiológico, histórico etc. Mas para isso é necessário que também o professor se considere e se enxergue dessa forma. O que lhe dá mais força para o exercício do magistério.

06- Uma sociedade preocupada somente com o aqui e agora, preocupada somente com o lucro, dificilmente deixará espaço para que todas as necessidades, provenientes das dimensões humanas e responsáveis por tornar o homem feliz e realizado sejam satisfeitas. Principalmente as necessidades provenientes da dimensão espiritual. Pois ela questiona o aqui e o agora, apresentando outra realidade que vai muito além do lucro a qualquer custo. Mas o novo espaço escolar deve tomar consciência disso e trabalhar no educando também a dimensão espiritual durante todo o processo e não apenas dois anos (6º e 7º – mas também 1º,2º e 3º ano do EM), responsável pela sua realização plena, junto com as outras dimensões.

07- Os Conselhos de Classe devem ser realizados com uma participação maior da comunidade escolar. Com ele, pode-se formar não só o aluno, mas também a família. Lembre-se de que, a responsabilidade de ensinar, e, a do aluno, de aprender, não se encontra só no espaço escolar. De modo que é bom comungar com a família as dificuldades, os erros e acertos do processo como um todo. Além de conversar sobre o progresso integral do aluno, a saber, sua capacidade de aprendizagem, de raciocínio deve-se ater também à sua capacidade de convivência e tudo o que isso implica. Sem medo de avaliar comportamentos

08- A avaliação do progresso do aluno deve ser relacionada a todas as suas dimensões e não reduzir-se a sua capacidade de aprender e raciocinar. Atualmente, frequentemente, no final do ano, o aluno bom e educado pensa: “Já consegui a nota, não tenho mais nenhum compromisso com a escola”. O mau aluno reflete: “Tô ferrado! Não consegui durante o ano, não é no final que conseguirei”. E, ambos, infernizam os últimos meses de aula. Mas se forem avaliados também no comportamento, o bom aluno refletira: “Já tenho parte da nota, continuarei a esforçar-me para que a nota de comportamento feche meu dez desejado” enquanto que o mau aluno pensará: “já que não aprendi tanto sobre determinada área do conhecimento, resta-me caprichar no comportamento para que eu consiga, de repente, o mínimo necessário para prosseguir e passar de ano. E nesse caso, a média ponderada pode auxiliar mais que a aritmética. Atenção, trata-se de suposições! A serem comprovadas em um novo espaço escolar.

09- O Projeto Político Pedagógico da escola deve ser, com urgência repensado. A redefinição e/ou a redescoberta do espaço escolar deve acontecer antes de tudo no PPP da escola. Pois ele é que apresenta as diretrizes para um novo olhar sobre o papel da escola, do aluno e de toda comunidade escolar. È ele que trará as bases possíveis legais e necessárias para essa nova compreensão da realidade educacional em nosso país. Depois das Leis Educacionais, apesar de todas as críticas que a elas fazemos, o PPP da escola é a Lei.

10- No entanto, as leis são necessárias! Mas, mais necessário ainda é uma postura crítica diante delas. Pois do modo como as coisas caminham rapidamente, se transformam, é necessário também que elas sejam constantemente revistas para que não caduquem, caducando toda uma instituição ou processo. Temos a impressão que muitas leis e diretrizes da educação já caducaram e, por permanecerem sem ser questionadas, caducam todo um processo, impedindo seu saudável desenvolvimento.

Prof. Msc. Paulo Sérgio de Faria: Bacharel e Licenciado em Filosofia; Bacharel em Teologia e Mariologia; Especialista em Comunicação Social e Informática na Educação; Mestre em Filosofia. Professor de História e Filosofia com experiência no Ensino Fundamental, Médio e Superior.

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Para que servem as Leis da Educação mesmo?

Para deixar as coisas como estão! Você pode estar se preocupando por que até agora nenhuma lei foi citada ao se tratar de um tema importantíssimo para o crescimento pessoal e de toda uma sociedade. Mas o que quero dizer quando afirmo que as leis em nada inovam? Se o ensino está como está, é porque as leis atuais o fundamentam. Por que não podemos fazer nada além do currículo? Porque a lei não o permite! Por que não podemos diminuir os dias letivos? Por que a lei não o permite!

Nesse sentido, a lei, além de não inovar, ela castra alunos e professores. Ela lhe tolhe a liberdade de atuar e conseguir melhores resultados. E por tabela castra a todos envolvidos no processo, do agente educacional à direção. A Lei nos torna escravos de uma realidade que ninguém mais suporta. A família não suporta, os alunos não suportam, e grande parte da comunidade escolar não suporta. Mas se ninguém suporta, como é que essa realidade permanece? É que existe uma tolerância e uma crença de que uma hora irá mudar. Uma hora as coisas hão de melhorar.

Não existe, portanto, de minha parte, ignorância a respeito das leis educacionais de meu país, mas uma opção de não citá-las para que minha imaginação possa fluir sem pressão externa. E parta de mais de 20 anos de experiência como docente do ensino fundamental ao superior. Não quero também acreditar que as leis não devam existir, mas penso que elas devem ser modificadas na medida em que não mais atingem os objetivos a que se propõe. Devendo para isso ser sempre questionadas.

Pode-se pensar também que o que foi exposto até o momento não trata de sonhos. Porém não podemos esquecer que tudo o que temos na vida, no passado, não passava de sonhos na cabeça de alguns. Daqueles que se atreveram a sonhar com algo melhor do que a realidade lhe apresentava no momento. O sonho é necessário e deve fazer parte da vida e da realidade de todos os envolvidos na arte de educar. O mestre que deixar de sonhar, deixará também de exercer sua função de modo profícuo.

Muitos poderiam ser os exemplos de leis absurdas. Vejamos, por exemplo, aquela que almeja uma maior permanência do aluno na escola. Se a maioria das escolas do Brasil não tem condições de acolher decentemente os turnos, quem dirá contra turnos!

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Um novo Projeto Político Pedagógico para uma nova escola!

O Projeto Político Pedagógico (PPP) de uma instituição escolar não deve reduzir-se ao concreto e possível, mas deve também deixar espaço para o sonho e, se possível, expressá-lo, sem medo de ser feliz. Pois ele é o espelho que refletirá a imagem da escola com todo o seu vigor. Ele é como um cartão de visita. Quer conhecer uma escola, conheça o seu PPP.

No PPP deve ficar claro o novo olhar com o qual se deve observar o educando e toda realidade escolar. Sim, toda, por que, para o mestre olhar diferenciado para seu discípulo, é necessário, antes de tudo, que ele consiga olhar para si de modo diferenciado. Antes de assinalar as dimensões presentes em seus estudantes, deve estar sensível para perceber como as mesmas dimensões se fazem presente em seu ser. Conscientizando-se cada vez mais de que pode oferecer e oferece muito mais aos alunos com seus exemplos de vida, com suas atitudes, do que com seus ensinamentos sobre uma determinada área do conhecimento. Pois os estudantes sabem muito bem olhar diferenciado seus professores. Às vezes pecam pelo exagero, mas também acertam com sua simplicidade de leitura da realidade.

O PPP deve ver e sentir a escola como uma instituição que, entre tantas outras, também ensina. Deve manifestar a consciência de que de toda a aprendizagem do educando, a escola é responsável apenas por uma parte. E nem por isso deve desconsiderar o trabalho da sociedade. e de outras instituições que também ensinam e através das quais os estudantes também aprendem.

Um PPP para uma escola redescoberta e redefinida deve estar aberto à comunidade escolar como um todo. Pois ele deve ser construído por todos, com o qual todos devem se comprometer.

Um novo PPP deve, portanto, levar o educando a compreender o espaço escolar como algo bem diferente do que é agora. Deve incitá-lo a ser diferente dentro desse novo espaço escolar, deve fazê-lo sentir-se diferente dentro desse espaço, sentir-se livre para ser diferente e buscar de modo diferente o desenvolvimento da própria aprendizagem. Sem deixar morrer um dos pilares das grandes transformações: a criatividade. Somente onde a criatividade se faz presente pode haver construção e partilha de conhecimento. Onde não há criatividade há simplesmente reprodução mau e porcamente do que já existe e, quem sabe, já nem faz mais sentido.

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Se cada disciplina tem o seu perfil, é possível avaliar atitudes comuns a todas as disciplinas e considera-las no Projeto Pedagógico do professor?

Em princípio sim. Por exemplo: o silêncio, ao menos em algumas situações, deve se fazer presente em todas as disciplinas. No entanto, em uma aula de matemática, ele pode ser exigido mais que nas disciplinas de artes, sociologia ou história; o respeito pelo colega deve se fazer presente em todas as disciplinas; participar das aulas sempre que solicitado também se trata de uma atitude comportamental que deve se fazer presente em todas as disciplinas. E se quisermos assinalar outras, basta rever nossas justificativas em Conselho de Classe pra o mau desempenho do discente.

Quero dizer em outras palavras que a escola deve considerar no Planejamento Pedagógico do professor que uma porcentagem da nota será destinada a avaliação comportamental. Ou seja, na redefinição do espaço escolar o professor deve ter a liberdade de considerar em suas avaliações as atitudes dos alunos. Querendo, se quiser, em um exercício interdisciplinar, estabelecer critérios comuns de análise e avaliação comportamental com as outras disciplinas de sua área.

Isso provocará certamente uma mudança na cabeça do aluno que passará a dar mais atenção as suas atitudes e não as notas relacionadas à sua aprendizagem intelectual. Pois é comum no conselho de classe perceber que, enquanto para uns o estudante deixa a desejar, para outros ele tirou notas acima da média. Sendo assim, o aluno com mais dificuldade se esforçará para ser cada vez mais educado e o que tira notas altas não se aproveitará disso para deixar de ser empenhado em sala de aula, principalmente no final do ano. De repente a média ponderada, nesses casos, surtirá mais efeito que a média aritmética simples.

Toda mudança mexe, como podemos perceber, com todo o sistema. De forma que, se quero uma mudança total é necessário mudar tudo ao mesmo tempo. E para fazer isso, além de competência, é necessário coragem. Coragem de rever os próprios comportamentos no exercício do magistério, coragem para auxiliar os colegas no que for necessário para que ele mude, coragem para auxiliar e convencer a direção e demais participantes da comunidade escolar que vale a pena mudar.

Quando o professor não tem a possibilidade oficializada de exigir do estudante uma mudança de comportamento, quando ele não tem a possibilidade de considerar o comportamento como item a ser avaliado no período em que o discente frequenta a escola; ele sente-se como impotente e não se sente mais na obrigação de chamar a atenção do discente sobre o perigo de determinadas atitudes para ele mesmo, para a escola, para a família e para a sociedade como um todo. E diante das situações de violência,  infelizmente, tão comum hoje nas instituições educacionais, ele lavará as mãos.

Como diz o velho ditado: se queres transformar as atitudes de seu educando, transforme as suas para com ele.

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Como dar nota a atitude do aluno? Não sei!

Com a lei que temos isso é impossível!

Mas, de repente, juntos, podemos emitir uma forma de conceito para o aluno, considerando as demais dimensões e, não apenas, a intelectual e racional.

Se eu estiver consciente das atitudes que possibilitam uma aprendizagem mais profícua, posso e devo cobrar do aluno tais atitudes. Quando peço aos alunos a realização de uma atividade individual e alguns insistem em fazê-la consultando o colega mais próximo; posso sim emitir um valor sobre essa sua atitude, desde que combinadas anteriormente, façam parte do regimento da escola e do contrato pedagógico entre docente e discente. Por que não? Se a aula necessita do silencio e o aluno insiste na conversa, posso emitir um valor para esse comportamento sim.

Isto porque quando os professores são questionados sobre o não rendimento do aluno, em pleno Conselho de Classe, as respostas referem-se em mais de 80% a atitudes comportamentais, a saber: se não conversasse tanto, se fizesse as atividades, se não dormisse na aula, se não gazeasse aula, se prestasse mais atenção, etc. ele estaria melhor de nota, ele não teria ficado de recuperação. E, diante dessa constatação, não entendo  o por que, aos professores, não é facultado o direito de dar notas também ao comportamento do educando. Dificilmente ouve-se como justificativa dificuldade no raciocínio, dificuldade em fazer relações entre as ideias, etc.

Isso prova cada vez mais a necessidade de eu enxergar o discente como um todo e não reduzi-lo ao aspecto racional, intelectual. Prova que a escola redefinida possibilitará uma avaliação de todas as dimensões do aluno e não apenas uma; rova que uma escola redescoberta entenderá o aluno de modo integral e lhe possibilitará um crescimento integral. E ele, de fato, aprenderá a aprender, a ser, a fazer e a se relacionar. Prova que os temas abordados em um novo espaço escolar tratarão também do comportamento humano como um todo e o levará mais a sério.

Sendo assim, a composição da nota do estudante incluirá também o aspecto comportamental e não apenas sua capacidade intelectual e de raciocínio. Pois todos da comunidade escolar estarão conscientes de que para uma aprendizagem confiável e profunda, e para uma formação integral, as atitudes tem também fundamental importância.

Muitas vezes trocava ideias com uma das pedagogas de minha escola e colocava a situação sobre dar notas a atitudes comportamentais dos educandos e ela sempre me respondia: não pode Paulo, a lei não nos permite. Veja que a lei faz com que as coisas permaneçam como estão!

Para que haja no novo espaço escolar um novo Conselho de Classe é necessário um novo Planejamento Pedagógico do Professor e um novo Projeto Político Pedagógico da escola. São os próximos dois textos com os quais encerro minha reflexão; seguidos apenas de considerações finais.

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Os Conselhos de Classes são simples e fáceis. Apesar de insuportáveis!

Como assim?

Quando o assunto é Conselho de Classe, mais de cinquenta por cento dos professores torcem o nariz. Por que?

Bem, antes de tudo, não posso nos esquecer do que afirmei até agora. Tenho o compromisso de desenvolver o indivíduo de modo integral. Mas como o divido, me preocupo com apenas uma de suas dimensões ao invés de me comprometer com o desenvolvimento de todas elas. Isso significa menos trabalho. Pois ao invés de 3, apenas 1 dimensão, a racional, ocupa o meu tempo. É mais fácil! É mais simples! E em vão modifica-se a essência, visto que a lei a fundamenta.

Para melhorar nosso CC todos os professores devem trazer uma planilha com as notas dos alunos que poderão reprovar caso não tomemos providências severas. Ou, deveremos chamar os pais para preveni-los de nossa falência como professores… epa! Desculpe …! para preveni-los de uma futura reprovação. Se fizermos um “carômetro” o CC se tornará mais rápido e ficaremos menos tempo na escola, nesse sábado ensolarado. Atenção: vamos discutir somente o caso dos desgraçados que nos enchem o saco e dos quais não conseguimos tirar nada durante o ano e atrás dos quais tivemos que correr para obtermos uma avaliação que comprovasse seu total desprezo pelo exercício do magistério da nossa parte. Mas nada de mexer na essência dos casos. Pois dessa forma, os ruins não se salvam e os bons não melhoram.

Um novo espaço escolar requer um olhar para o aluno de forma mais global. O aluno não deixa suas dimensões em casa. Ele vem até a escola com toda bagagem emocional, espiritual, social, racional, psicológica. Como posso emitir um juízo sobre o progresso ou não do aluno na escola se não dou atenção a todas as suas dimensões? Atualmente, o professor que levanta a lebre sobre as condições emocionais dos alunos são taxados de paternalistas, frouxos, com autoestima baixa, e tudo mais. Mas por que uma atitude de compaixão não é admitida em um CC nos moldes atuais? Justamente porque na avaliação, a compaixão, ligada mais ao aspecto psicológico e comportamental do ser humano, não tem lugar na prova. Aliás, a prova se reduz a perguntas e respostas. Que, como já foi assinalado, muitas vezes não tem nada a ver com a realidade do estudante.

Como apresentar no CC a situação de progresso ou não de um aluno que foi castrado pelo currículo, adestrado pelo professor e tratado como um ser reduzido ao aspecto intelectual? Considerando que as nossas avaliações não avaliam o ser como um todo, nada mais natural para um CC, continuar a entendê-lo como tal. Um ser totalmente esfacelado, dividido, e reduzido a uma de suas dimensões.

Um conselho de classe em um novo espaço escolar deveria começar com a participação da família. Tipo um “aulão”, onde se apresentasse a importância da discussão sobre o progresso humano, psicológico, espiritual, social e racional dos discentes. E a conversa sobre as situações delicadas, as situações limites, deveriam ser realizadas com os respectivos pais e/ou responsáveis pelo estudante em questão. Pois o apoio que muitas vezes a sociedade nega a seus cidadãos, a escola poderia fornecer com maestria considerando a formação e capacidade de seus mestres, professores.

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A escola pública não deve professar uma fé? Ela é ateia ou atoa?

Certa vez, palestrando em uma escola pública, um professor demonstrou sua indignação por ser obrigado a participar de culto religioso quando sempre se professou ateu. Bem, creio que por um lado houve uma falha, pois ninguém deve ser obrigado a nada, mas sentir-se livre para escolher o que é melhor para si. A situação, porém, levantou uma questão relacionada a uma das dimensões do ser humano que, em uma redescoberta e/ou redefinição do espaço escolar, deve ser mais bem esclarecida.

Considerando que a experiência religiosa acompanha o homem durante toda sua vida é necessário que o novo modo de ser escola não restrinja o conhecimento e a reflexão sobre o tema espiritualidade a dois anos do ensino fundamental (6º e 7º anos). Essa reflexão deveria acompanhar os jovens durante todo o ensino médio. Mas lembre-se que estamos falando o tempo todo, implicitamente, de uma reelaboração curricular, que dê possibilidade ao indivíduo desenvolver-se de modo integral.

O espaço escolar atual bem como aquele que aqui se propõe na medida em que as ideias vão sendo colocadas, jamais deve ser utilizado para e pelas religiões como forma de angariar adeptos. Esse espaço deve ser de reflexão. Louve-se, portanto, as escolas que, no final do ano, primam pela realização de um culto ecumênico. Como momento de vivência daquilo que a reflexão, durante o ano, possibilitou conhecer melhor.

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Olhar o aluno além da cabeça? Como assim?

A concepção que tenho sobre o ser humano ( se não é a melhor, é, ao menos, a mais aceita), o coloca como detentor de três dimensões: uma dimensão corpórea, através da qual as demais dimensões se manifestam, uma dimensão espiritual, e uma dimensão psicossocial racional. Que interagem entre si e que se separada não dará frutos, ou seja, sempre que se privilegia uma delas, as demais sentem e sofrem, impossibilitando a felicidade do ser humano.

Mas o que significa isso dentro de uma sala de aula?

Significa que se o corpo não estiver devidamente alimentado e não se coloca numa condição aceitável para acolher, trabalhar e produzir conhecimento, em vão trabalharão os mestres. E isso serve também para a reflexão sobre as demais dimensões. Um corpo muito agitado, por exemplo, não é um corpo propício para assimilar o tipo de conhecimento mais racional. E o adolescente, pelo momento do corpo em que vive, necessita ser educado para compreender essa realidade do ser humano. A fim de buscar se colocar corporalmente em sala de forma a contribuir para que o seu racional, o seu intelectual, trabalhe devidamente. É comum, no Conselho de Classe, por exemplo, ao refletir sobre o rendimento de determinado discente, trazer a tona sua situação familiar que, não agradável, pode ter influenciado no seu baixo rendimento. Se bem que, consciente disso não sei por que se insiste em desconsiderar o comportamento na hora de avaliar o estudante. Mas conversaremos ainda sobre avaliação.

Os professores estão conscientes de seu papel no desenvolvimento intelectual e racional de seus estudantes. No entanto percebem que muitas vezes o rendimento não se dá por uma questão simples: falta de postura, ou seja, ausência de ajuda na formação das demais dimensões. Um aluno que tem dificuldade de relacionamento, dificilmente desenvolverá a capacidade de escutar um pensamento diferenciado para poder, ao compará-lo com o seu, crescer na busca da verdade e do aprofundamento de diversas questões. E agora? Como avaliar esse aluno que, não atingiu a média e nunca atingirá, se lhe faltar o respaldo psíquico, espiritual, social? A avaliação é possível quando o discente se expõe e, sem medo de errar, apresenta o que aprendeu. Mas se ele não pode fazê-lo por n razões? O que fazer?

Graças a Renê Descartes o conhecimento fez com que o “intelecto fosse dividido” em áreas e o ser humano em partes. Só que essa ideia já não funciona mais. Não tem mais sentido ouvir do professor que o seu papel é trabalhar apenas o lado intelectual de seus estudantes, sendo que muitas vezes ele ensina mais pela atitude que pelas palavras geradas por um conteúdo que as vezes não tem nada a ver com aquilo que o aluno está buscando em sala de aula. Não dá mais para delegar à família o que é de sua competência e restringir o ser humano ao desenvolvimento intelectual e racional, ignorando as outras dimensões.

Em outras palavras, quero dizer que a redescoberta e/ou redefinição do espaço escolar significa olhar para o aluno como um todo a ser trabalhado. É hora de a comunidade escolar tomar consciência de que o espaço geográfico construído com o nome de escola não pode se preocupar apenas com uma dimensão daqueles que o frequentam. E aqui vale ressaltar uma experiência realizada para a comemoração do Dias das Mães na escola. Fizeram-se ali presentes profissionais de diversas áreas e terminaram oferecendo as mães massagens e maquiagem. Isso é ir além do puro e simplesmente racional. Ou seja, ao invés de falar apenas sobre o desenvolvimento intelectual e a necessidade do acompanhamento da família do progresso de seus filhos na escola, lembra-se que antes de ser mãe, a mãe é mulher, é um ser dotado de emoções, que deve se querer muito bem, que deve se cuidar etc. Voltaremos a conversar sobre a importância da atenção que deve ter a família em uma redefinição e/ou redescoberta do espaço escolar.

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