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Archive for Março, 2013

Para aqueles que se perguntarem o significado de “pompa”, e quiserem uma resposta bem prática, é só lembrar das missas celebradas no Vaticano por João Paulo II e seu sucessor Bento XVI. Eu me refiro de modo especial aos trajes utilizados nas celebrações, bem como toda ornamentação da praça São Pedro em Roma. Comparadas ao traje utilizado pelo Papa Francisco conseguiremos entender o que vem a significar “Um Papa sem pompa”.

Assistindo a missa de entronização do novo Papa e, acostumado a ver a pompa dos antecessores, parece até que era uma missa comum em dia de semana em um local reservado. Mas a celebração era pública e aberta … ao mundo. Por outro lado esse é o marco do novo Papa e, diga-se de passagem, fazia tempo que Roma necessitava de um Francisco.

Ontem, pela rede televisiva É Paraná (TV Cultura), o programa Roda Viva teve no seu centro o Teólogo da Libertação Leonardo Boff que me pareceu bastante otimista quanto ao novo pontificado. Salientando que esse é o Papa que inicia um Terceiro Milênio na História da Igreja.

Concordo em parte com suas arguições mas, por outro lado, percebo que a coisa não é tão simples assim, considerando as ideologias que se chocam e que provocaram a renúncia de Bento XVI. Em outras palavras, o caldeirão ainda está começando a ferver. E como acontece com todo chefe de Estado, no momento de mexer as peças do tabuleiro para começar um novo jogo é que o “bicho pega”. Sendo que uma coisa é o que a Igreja – cúpula – parece ser, e, outra, o que ela realmente é. Sendo que ao apresentar o choque de ideologias no interior da Igreja não significa salientar seu aspecto humano, mas significa o desafio de encontrar nele a atuação do Espírito Santo que coloca como “chefe”, o menos apontado pela mídia como futuro pastor. Aquele que antes mesmo de abençoar o Povo de Deus, pede para ser abençoado por ele.

Diante de tantas denúncias de irregularidades, da Pedofilia aos problemas de administração bancária, a cúpula da Igreja não conseguiu mais tapar o sol com a peneira e vai ter que assumir e resolver esses problemas internos se não quiser perder cada vez mais a credibilidade.

A atitude do Papa Francisco, ao desprezar algumas mordomias já no início de seu pontificado, demonstra sua metodologia de trabalho, ou seja, o caminho que ele pretende trilhar para enfrentar as dificuldades humanas pelas quais passa a instituição religiosa que possui mais de um bilhão de seguidores: simplicidade, humildade, despojamento e serviço.

Jesus também escolheu o caminho da simplicidade, da humildade, do despojamento e do serviço para bem exercer sua missão; São Francisco, do qual o Papa leva o nome, também se sentiu chamado para reformar a Igreja, e o faz pelo seu modo simples, humilde e despojado de ser. O primeiro foi crucificado e o segundo mal compreendido pela sua comunidade religiosa.

O que acontecerá com o Papa Francisco? Quem viver verá!

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Paulo Sérgio de Faria

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Celebrar a Páscoa cristã não é nada fácil. Pois o sentido religioso que carrega tal celebração é de confundir qualquer um que não seja iniciado na doutrina cristã. E que não saiba o verdadeiro sentido do sofrimento no calvário do Filho de Deus Nosso senhor Jesus Cristo.

Como ver, através da cruz uma esperança? Quando parece que tudo está terminado?Como ver na cruz a salvação se a mesma era instrumento de tortura para aqueles que tinha cometido sérios erros?Como ver, através da cruz, as promessas de Deus a Abraão, a Isaac e a Jacó? Se a cruz marca o fim de uma vida vivida para e pelos outros, em nome de Deus.

Somos tentados a permanecer, nas nossas reflexões, simplesmente naquilo que a cruz significa no aspecto humano. E não acreditamos na possibilidade de Deus dar a ela um novo sentido.Mas se nos colocamos diante da cruz dispostos a pensá-la além do aspecto humano que ela representa, então, conseguiremos compreender o seu verdadeiro brilho. Mas em que consiste descobrir na cruz, com olhos de fé, seu verdadeiro brilho e significado?

Significa, antes de tudo, que ela é sinal e prova do Amor que Deus sempre teve para com seus filhos. Amor disposto a dar a própria vida pela salvação de muitos.

Jesus nasce, cresce, aceita sua missão como Filho de Deus, chama discípulos, cura, acalma, acalenta, consola, discorda, briga, corrige e, como último gesto, respeita a Liberdade humana na escolha de um fim trágico para o desfecho de sua missão. Mas após três dias, ressuscita, volta novamente a vida e fortalece os discípulos reunidos com a força do Espírito Santo.

Com isso, podemos perceber que a cruz não tem brilho se olhada isoladamente e com os olhos puramente humanos. Mas se a olhamos dentro de um contexto maior – e é isso que Deus quer – conseguimos compreender o seu brilho. Pois a morte, que através dela parecia triunfar, perde toda sua força e sentido.

O cristão que olha para a cruz de Jesus e vê nela seu verdadeiro brilho, olha com carinho a própria cruz de cada dia. E o sofrimento é visto dentro de um contexto bem maior, que vai muito além do calvário. Recuperar o brilho e o significado da cruz de Jesus é recuperar o brilho e o significado da própria cruz.

Jesus, embora crucificado, não estava sozinho, pois Deus estava com ele, além da presença de seus familiares e amigos, ou seja, daqueles que escutaram suas palavras e as colocaram em prática.

Nós também jamais nos devemos sentir sozinhos ao carregar nossa cruz de cada dia. Pois, como diz o ditado, nos é dado a cruz segundo a força dos ombros. E também, além de Deus, sempre temos alguém que nos conforta, dentro ou fora da família. Mas, as vezes, somos nós os chamados a consolar aqueles que possuem, do ponto de vista puramente humano, um cruz mais pesada que a nossa. E a fazer com que a pessoa consiga recuperar o brilho da própria cruz através do brilho da cruz de Jesus.

Eis o desafio para cada cristão em cada Celebração da Páscoa. Recuperar o brilho da cruz de Jesus e da nossa própria cruz.

Feliz Páscoa.

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No artigo que escrevi anteriormente tratando da morosidade da Igreja na interpretação e satisfação da necessidade o povo, deixei claro que o novo Papa não poderá fugir de algumas inquietações levantadas desde o Concílio Vaticano II (cremp.wordpress.com). E como estamos em pleno Conclave, vale a pena sonhar com uma Igreja diferente daquela que hoje nos é apresentada.

Eu sonho com uma Igreja mais humana, pois quanto mais humana, mais divina. E ser humana significa não envergonhar-se com a fraqueza, mas fazer dela, uma razão a mais para crescer espiritualmente.

Eu sonho com uma Igreja Cristã Católica que respeite a opção ou não pelo celibato, sem que isso acarrete no não recebimento do Sacramento da Ordem. De modo que embora os chamados sejam muitos, os ecolhidos sejam suficiente para responder a demanda. Para que toda capela, por pequena que seja, conte com um sacerdote todos os finais de semana para acolher, orientar e administrar os sacramentos ao povo santo de Deus.

Eu sonho com uma Igreja que não terá medo de adaptar o serviço sacerdotal segundo o desejo de quem o recebe. Sendo orientado para ser padre  e ao mesmo tempo um pai de família exemplar. Ou que seja um celibatário por opção, entregando-se, como o pai de família, a serviço do Senhor. De modo que nenhum rebanho sinta-se mal acompanhado.

Eu sonho com uma Igreja que possibilite o Sacramento da Ordem também às mulheres e que estas, tenham na Mãe de Deus, Maria Santíssima, sublime exemplo de amor, caridade, fé e dedicação.

Eu sonho com uma Igreja transparente em todos os aspectos da administração, inclusive a financeira. De modo que ninguém possa sentir-se dono de tudo, mas apenas prestador de um serviço em prol do bem da comunidade eclesial a nivel paroquial e diocesano e mundial.

Eu sonho com uma igreja que compreenda a Tradição como algo dinâmico e não como algo estático e intocável, que constroi leis que só são justificadas pelo tempo em que foram criadas, mas que hoje já não dão mais frutos.

Eu sonho com uma Igreja que tenha em seu meio diversas comunidade religiosas que vivam segundo o exemplo de seus fundadores. E que não precisem fazer com que alguns de seus membros se tornem sacerdotes para auxiliar a Igreja na prestação de serviços ministeriais. Haja visto que a terceirização desse serviço por parte da igreja diocesana confunde os vocacionados e o Povo de Deus. Pois o religioso deve obediência a seu superior e não ao bispo, chegando a prejudicar muitas vezes a caminhada local da Igreja por falta de presença contínua e comprometimento.

Eu sonho com uma Igreja que olhe com carinho aqueles que não tiveram medo de dizer não ao ministério sacerdotal assumido, para o bem de si mesmos e da própria Igreja. E que os trâmites burocráticos sejam decentralizados, dando mais liberdade aos bispos de reconhecer no “ex-padre” um cristão bem formado que muito ainda pode dar de si, casado ou não, para e pela Igreja.

Eu sonho com uma Igreja que acolha os que porventura tenham se equivocado na escolha de sua vocação cristã. E que os processos de anulação do matrimônio possibilite o quanto antes o retorno do fiel ao convívio eclesial. E que aqueles que vivem uma segunda união estável, possam participar da Igreja sem serem vítimas do preconceito. Pois errar é humano e Deus se fez homem justamente por isso. Para possibilitar o perdão e a retomada da vida cristã.

Eu sonho com uma Igreja que acolha aqueles que são surpreendidos no decorrer de sua existência por não se adequarem aos parâmetros atuais e conceituais de família. E reconhecendo que o conceito de família é questão de convenção, entenda os modos diferentes de amar e ser amado.

Eu sonho com uma Igreja que se associe cada vez mais aos modos diferentes de demonstração de fé, colocando-se lado a lado com os diferentes credos existentes no mundo atual para, junto com eles, lutar por uma sociedade mais humana, justa e fraterna.

Enfim, eu sonho com uma Igreja onde a liberdade de Filhos de Deus seja a força motriz de todos os cristãos. E que cada batizado seja uma festa pra ninguém botar defeito! Que venha um novo Papa para uma Nova Igreja! Amém!

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Paulo sérgio de Faria

Mestre em Filosofia e Bacharel em Teologia

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A História da Igreja passa por um momento interessante que nos remonta a outros tempos passados. Trata-se do século XV quando Martinho Lutero, descontente com os equívocos da Igreja, acaba por fundar um novo modo de ser cristão, o Luteranismo. E a Igreja demorou bastante para reconhecer o bem que Lutero proporcionou a muitos cristãos, visto que,  com o Vaticano II, buscou se aproximar mais do povo, ao menos na teoria.

No contexto do Concílio Vaticano II, que ocorreu na década de sessenta, diversas correntes teológicas surgiram em meio aos cardiais e, entre elas, a Teologia da Libertação. Que, no espírito do Vaticano II, mostrava como atingir o povo sedento de Deus, mas sedento também de melhorias sociopolíticas e econômicas.

Dentro do contexto da Teologia da Libertação muito na Igreja deveria ser revisto, como a questão da hierarquia, do celibato sacerdotal, do exercício sacerdotal feminino e tantas outras questões que, na época, foram massacradas pelo então responsável pelo Decastero da Doutrina e da Fé no Vaticano, o então Cardeal Joseph Alois Hatzinger, que veio a se tornar o Papa Bento XVI, que não aguentou o rojão.

Se passaram, portanto,quase 50 anos do Concílio Vaticano II e mais ou menos uns 20 anos da excomunhão de Frei Leonardo Boff (hoje, não mais sacerdote). E o próximo papa não poderá mais fazer vista grossa às necessidades já assinaladas a mais de 50 anos pelo Concílio Vaticano II e fomentadas novamente a mais de 20 pela Teologia da Libertação na América Latina em seu auge (décadas de 70 e 80).

A impressão que dá, é que o conclave que se iniciará para escolher o próximo papa não acontecerá de modo tranquilo, visto que, como no Concílio Vaticano II, muitas correntes teológicas novamente se confrontarão, inclusive a do papa que renunciou.

Agora, imaginemos se o CV II fosse levado mais a sério e a Teologia da Libertação não fosse calada… Certamente não teríamos o número de abandono da igreja como nos dias de hoje e às questões levantadas já haveriam respostas. Visto que os ortodoxos já ordenam mulheres e o casamento nunca foi impecilho para o exercício sacerdotal. Ou seja, a Igreja Católica demora demais para responder as inquietações de seu povo.

O Povo de Deus, cristãos católicos espalhados pelo mundo inteiro, merecem um tratamento melhor por parte de seus pastores. É hora de dar um basta as “missinhas” mensais em muitos recantos brasileiros. Pois o povo que paga o dízimo merece um serviço de qualidade. E chega de desculpas evangélicas: “Muitos são chamados e poucos escolhidos” porque Deus não é estúpido a tal ponto de necessitar de 100 padres e escolher apenas 50.

Independente da orígem, africano, latino-americano, europeu ou asiático, o próximo papa terá que partir para uma solução dos problemas que afetam a Igreja e a tem tornado muito vulnerável.

Um abraço!

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