A nação brasileira se prepara mais uma vez para brincar de Roleta Russa. Temos a impressão que votar em alguém, acreditando que ele possa solucionar todos os problemas que nos afetam, é como girar um revólver calibre 38 sobre uma mesa, na qual você está sentado juntamente com um político. E como você tivesse um ímã na barriga, o cano do revólver tem duas possibilidades: a primeira de disparar na sua direção e a segunda, de disparar contra você.
Caminhamos da desilusão esportiva para a desilusão política. Pois as promessas já começam, por parte dos políticos. E tudo o que eles poderiam fazer, durante o mandato e não fizeram, passam a ser alvo das realizações futuras. É como dizer: deveria ter feito e não fiz… mas, “prometo”, farei! E o caro eleitor responde: não deveria votar mais em você…mas, “prometo”, votarei.
Não se trata de pessimismo, mas de evidência futura. Acreditando que cada povo tem o governo que merece, e verificando a ausência de mudanças concretas em nosso país, tenderemos a permanecer com os mesmos agiotas no poder, que enganam e brincam com a fome, a miséria, a falta de educação, a saúde falida etc.
Continuarão fazendo das realizações possíveis e urgentemente necessárias, utopias inalcançáveis. O discurso se repetirá sobre a necessidade de reformas em nosso país e as bandeiras certamente serão as mesmas: educação, saúde, moradia (para a qual os bancos têm dinheiro de sobra… agora!), desemprego e, quem sabe, mais dentaduras.
Se todo político respeitasse a nobreza do termo juntamente com seu significado, poderíamos ter, em épocas de eleições, verdadeiras e profundas discussões na busca do bem comum; como atingi-lo da melhor forma, como alcançá-lo sem o menor esforço. Mas, está tão desgastado o termo a tal ponto de perder, quando não de distanciar-se cada vez mais, de seu verdadeiro significado.
Conta-se que o imperador Alexandre Magno ao visitar Atenas foi conhecer a pessoa de Diógenes. O filósofo vivia dentro de um barril e gostava de tomar diariamente o seu banho de sol. Aproximando-se, Alexandre Magno se coloca em frente a Diógenes, apresenta-se com toda pompa, mas não impressiona o filósofo. E Alexandre Magno insiste em fazer-se notar, prometendo dar tudo o que o filósofo pedisse. E este respondeu docemente: saia da minha frente e permita-me tomar meu banho de sol.
Muitos são os políticos preocupados com as grandes realizações e acabam por esquecer as simples que são, na maioria das vezes, mais dignificante. Prometem acabar com o desemprego, e não são capazes de investir no próprio empregado que freqüenta a sua casa. Prometem a educação, e não são capazes de adotar um menino de rua. Falam da saúde precária, sem jamais enfrentarem uma fila do INSS.
É a política, a busca do bem comum que acabou por significar o bem apenas de alguns. É a utopia política. É a busca de realizar o que se apresenta como impossível e que na verdade pode ser possível, se somar um pouco de honestidade, competência e respeito humano.
Prof. Paulo Sérgio de Faria
CREMP 