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Posts Tagged ‘santuários e piedade popular’

É comum ouvirmos o jargão de que a Piedade Popular ocupa espaço apenas entre as classes menos favorecidas, isenta de informações e conhecimentos. Mas será que isso procede?

O sentido de cultura aqui utilizado, refere-se a posse de conhecimento e informações de modo formalizado, nas escolas e universidades. Pois ao que parece, essas pessoas “intelectualizadas” não encontram espaço e nem tempo em sua vida para a vivência de uma piedade popular por mais simples que ela seja, como rezar um terço, fazer uma promessa e visitar um santuário como o de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida, SP; Divino Pai Eterno, em Trindade, Goiás; Perpétuo Socorro em Curitiba, PR, etc.

A compreensão racional de si e do mundo muitas vezes ofusca a compreensão do lado espiritual da vida que não depende necessariamente da cultura que adquirimos, mas da educação religiosa, do sentimento religioso, da experiência religiosa que fazemos no decorrer de nossa vida pessoal e familiar.

Segundo essa concepção, a Piedade Popular é um sentimento reservado apenas aos fracos, aqueles que não podem recorrer e lutar por seus direitos tendo como moeda de troca o dinheiro, o interesse, a mentira, a falsidade, a inveja, o orgulho etc. De modo que essas pessoas simples são as mais exploradas pelas congregações e ordens religiosas na medida que repetem a Idade Média, adquirindo pertences religiosos na certeza de adquirirem junto com eles, a salvação ou um lugarzinho no céu.

Observando a realidade da Piedade Popular sob uma outra ótica, verificaremos que juntamente com a Piedade Popular, o povo simples educa-se para a vivência da solidariedade, da partilha, do senso comunitário, do perdão, do amor, da misericórdia, da compaixão, do desinteresse, da luta por condições melhores de vida, da esperança, da fé etc. Ou seja, existe a edificação de valores dos quais a sociedade atual está em falta.

A religião cristã, ou seja, a forma com que a espiritualidade cristã se revela externamente, no seguimento de Jesus Cristo, coloca ao lado da razão e não dependente dela. De modo que a Piedade Popular é um modo de compreensão da realidade diferente do modo racional. Não é melhor ou pior, mas diferente e, a meu ver, complementar.  O que significa dizer que o que adere a uma piedade popular não tem mais fé ou menos fé que aquele que não adere. Mas as consequências da adesão se apresentarão de modo diferenciado.

Acolher a piedade popular em uma vida é aceitar ver o mundo de um modo diferenciado, além do modo racional. Não tratando-se de ser fraco ou forte, mas de ser humano. Visto que a dimensão religiosa e racional da vida devem ser respeitadas e alimentadas uma vez que fazem parte da existência humana.

O exercício da Piedade Popular, sob o meu ponto de vista, funciona como a corrente do bem. Visto que, quem visita um santuário, além de pedir ou agradecer uma graça recebida, se compromete a ser melhor, vivenciando os valores já assinalados no quinto parágrafo do texto.

Sendo assim, a relação que se estabelece entre Piedade Popular e Cultura deve se fazer presente na vida de fé de todo cristão, independente da cultura. Compreendido os modos diferentes de ser e viver a vida.

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