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Posts Tagged ‘conselho regional de medicina’

Finalmente o governo brasileiro tomou uma atitude sensata ao providenciar médicos para municípios carentes de nosso país. Apesar a ausência de estrutura, os médicos estrangeiros não se opuseram a enfrentar tais dificuldades para o exercício da medicina.

                Tal atitude, no entanto, enraiveceu os conselhos regionais de medicina que fizeram de tudo para impedir a vinda e o exercício da medicina por esses heróis que se formaram médicos para, de fato, salvar vidas. E aqui, não estamos levando em conta o contrato de trabalho, pois mais importante que isso é a atuação do médico e o serviço a população.

                Mas porque os conselhos regionais de medicina se colocaram contra a vinda de médicos de outros países e, de modo especial, de Cuba?

                Comecemos pela lógica do mercado capitalista, a velha lei de oferta e procura. Ou seja, quanto menos médicos tivermos exercendo a função, maior valor terá o seu trabalho. Quanto mais médicos tivermos a serviço da população, carente ou não, menor será o valor da consulta. De modo que não interessa aos conselhos regionais de medicina o aumento no número de médicos, pois isso coloca em risco o valor exorbitante de uma consulta, que só rico pode pagar. Em outras palavras, o acesso ao exercício médico deixará de ser privilégio de uma elite.

                Outro ponto a ser levado em conta reside na afirmação de que as atitudes tomadas pelos conselhos de medicina queriam revelar a preocupação que eles tinham com a saúde da população. Mas eu me pergunto: Quem está preocupado com a saúde da população, jamais cobraria R$ 250,00 reais por uma consulta. E muito menos se negaria a trabalhar no serviço público, sujeitando-se aquilo que o Estado pode oferecer de salário.

                As universidades federais do Brasil contam com cursos de medicina. Quem os custeia é a população, através dos impostos que pagam. Considerando que parte dos tributos cobrados pelo Estado financia pesquisas e mantêm em funcionamento diversas instituições educacionais. Mas parece que o estudante de medicina recém-formado esquece-se disso e torce o nariz se lhe é pedido para prestar seus serviços à comunidades carentes em municípios longínquos de nosso país.

                Respeitando a liberdade de escolha, até podemos aceitar que o médico não queira trabalhar em ambientes precários. O que não entendemos é porque, além de não aceitar, quer impedir que outros aceitem. Em outras palavras, se o médico brasileiro não quer ir para municípios carentes, não impeça que outros se desloquem para lá. Você é livre para dizer não, o outro também é livre, para dizer sim.

                Mas existe um temor ainda maior, que não se fez presente no discurso de ambos os lados. É o medo de que os médicos, especialmente os cubanos, tragam para o Brasil, além do exercício profissional, uma nova maneira de enfrentar as doenças nas comunidades carentes. Pois melhor que a intervenção, é a prevenção. Cuba, sempre se mostrou bastante adiantada no exercício da medicina familiar, aquilo que chamamos aqui de médico de família. Tanto a Saúde Pública quanto a Educação de Cuba já serviu de exemplo para o mundo. E, cá entre nós, seria uma boa que eles trouxessem e partilhassem sua experiência no trato com as comunidades carentes, tornando o serviço público, e, de modo especial, a saúde pública mais séria e eficiente.

                Creio que reside aí, exposto no parágrafo anterior, o maior medo dos médicos brasileiros. Medo que o acesso aos serviços médicos seja democratizado e de que os doentes passem a ser mais respeitado independente da classe social a que pertencem.

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