O governo tenta de alguma forma “desdizer” o que disse ao apresentar a reforma do Ensino Médio. E o chefe do Supremo Tribunal Federal, Luiz Edson Fachin, pede uma justificativa para a mudança no Ensino Médio. O que o governo dirá temos que aguardar. Mas uma coisa é certa, as mudanças trarão uma séria interrupção da formação política do cidadão brasileiro no futuro.
Como já afirmei no artigo anterior, o que vemos agora nas ruas já é parcialmente o resultado de um ensino que dá espaço a formação da consciência crítica e da consciência política através das disciplinas de Filosofia e Sociologia no Ensino Médio. De modo que modificá-lo agora, deixando estas disciplinas apenas aqueles que optarão pela Área de Humanas, é o mesmo que interromper um processo de amadurecimento da consciência crítica da população.
Podemos então perguntar: por que essas disciplinas não fariam parte de todas as áreas do conhecimento, mas apenas das humanas? Será que a Filosofia e a Sociologia nada teriam a contribuir com as demais áreas?
O que acontece, na verdade, é que além de contribuir com todas as áreas, o desenvolvimento de uma consciência crítica e política a partir daquilo que essas disciplinas tem a contribuir, significa também a possibilidade de uma mudança que implica na luta por uma reforma política. Não interessa ao político e muito menos ao empresário, uma consciência crítica, mas uma consciência ingênua e submissa.
Todos sabemos que a qualidade de político que temos se justifica, acima de tudo, pelo grau de escolaridade e a qualidade de ensino possibilitada pelo estado ao cidadão. Pois o dia que for oferecido um estudo de qualidade a toda população, esse tipo de político que atualmente frequenta Câmaras, Prefeituras, Assembleias e Senado, não conseguirão mais se criar. Por isso o medo e a apresentação de uma reforma que reforça a submissão e a exploração do futuro trabalhador que, isento de uma consciência crítica não saberá questionar e muito menos argumentar com seus patrões sobre melhores condições de vida e de trabalho; uma reforma que impossibilita uma formação política que questione a atitude da maioria dos parlamentares que lá estão defendendo os próprios interesses, quando não o de apenas uma parcela da população formada por empresários e outros políticos que vivem da desgraça alheia.
Por essas razões, e muito mais, a reforma do Ensino Médio apresentada pelo governo neoliberal brasileiro impossibilita a futura realização de uma reforma política, pois interrompe o processo de amadurecimento da consciência crítica e política das futuras gerações.
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